Para um debate sobre a Educação (1999)
À especial atenção do Bloco de Esquerda
e do PSR e de quem se interessar pelo debate sobre a Educação
em Portugal.
Texto entregue ao PSR em Abril de 1999, por ocasião do convite para um encontro sobre a Educação a que não pude assistir.
Texto entregue ao PSR em Abril de 1999, por ocasião do convite para um encontro sobre a Educação a que não pude assistir.
Prezados amigos,
Penso que o PSR e o Bloco de Esquerda teriam
vantagem em assuntos como é o da Educação em procurar distinguir entre críticos
do “sistema” e “críticos do sistema”.
“Críticos do sistema” são aqueles que
estando constantemente empenhados em denunciar defeitos do “sistema” e em
exigir a sua modificação vivem, no fundo, no seu interior, sendo incapazes
de apresentar propostas ou indicar caminhos para, de facto, o
modificar.
Estes “críticos” acabam por funcionar como
ornamentos do “sistema”, contribuindo para a sua manutenção,
sobretudo quando ocupam em demasia a Comunicação Social e os debates sobre
a Educação e fecham o espaço a outras críticas.
Para distinguir entre “críticos” e críticos, talvez
o processo mais indicado seja fazer as perguntas: “Que propostas já fizeram os
senhores (por escrito), ou que actuação já tiveram, que considerem importantes
para modificar o sistema educativo português?”. “Se pudessem influenciar
os acontecimentos a partir de agora , que medidas aconselhariam a tomar
imediatamente, a curto, a médio e a longo prazo?”
O Bloco de Esquerda vai-se apresentar às próximas
eleições legislativas. Uma das competências da Assembleia da República é a
eleição do Presidente do Conselho Nacional de Educação. Em 1995, depois da
eleição da actual Assembleia, dirigi-me a todos os partidos nela
representados apresentando a minha candidatura a Presidente do CNE,
ou, mais exactamente, propondo que me ouvissem com vista a ponderarem esta
minha candidatura.
Considerei que tinha curriculum suficiente
na matéria para os partidos terem a obrigação de me ouvirem , isto é,
designarem 2 ou 3 pessoas para me ouvirem, fazendo o mesmo a outros
potenciais candidatos para depois decidirem como muito bem entendessem.
Dos partidos além do meu, o PS, a que me dirigi, só o CDS-PP acusou
a recepção da carta.
Agora, vou fazer o mesmo, com a diferença de
apresentar a candidatura aos partidos antes das eleições legislativas. Espero
assim contribuir para que nestas eleições haja um maior debate sobre
a Educação.
Uma vez que o Bloco de Esquerda se propõe concorrer
a estas próximas eleições, desde já vos convido a convidarem-me para
me ouvirem sobre a minha candidatura a Presidente do CNE. Acho normal que, antes
das eleições, indiquem qual é o vosso candidato ou, pelo menos, quais são
os critérios que adoptarão para o escolher.
Seria interessante que o Bloco de Esquerda
convidasse para participarem num debate possíveis
Presidentes do CNE em que pense e, ainda, pessoas que possam discutir o papel
que este órgão pode ter no ensino português.
Espero que esta carta não caia em saco roto.
Divulga-la-ei e, em particular, dela enviarei cópia aos outros
partidos quando a eles me dirigir sobre o mesmo assunto. Espero que
o vosso debate sobre a Educação desta manhã não tenha sido inteiramente um
debate entre “críticos do sistema”. Espero, sobretudo, assim contribuir
para que no curso destas próximas eleições legislativas haja um
válido debate sobre a Educação.
Com as melhores saudações, subscrevo
António Brotas
Com as melhores saudações, subscrevo
António Brotas